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Ágatha, uma escritora

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ÁGATHA, UMA ESCRITORA Ágatha tem apenas nove anos de idade, está cursando a terceira série em uma escola publica na periferia de Belo Horizonte. Ela é boa aluna e disciplinada, gosta de internet, de ouvir músicas e tem muitas amiguinhas, mas tem uma brincadeira que leva muito a serio, ela é escritora. Já escreveu cerca de 10 livrinhos, estão todos em cadernos. São pequenas histórias criadas pela sua rica imaginação infantil. A garota não só cria os personagens, faz ilustrações singelas. Eu espero ver em um futuro próximo os livros da Ágatha nas prateleiras das livrarias, nas bibliotecas das escolas, nas cabeceiras de muitos leitores.   Conheça um pouco da Ágatha, nesta pequena entrevista: Blog Af: Qual foi o primeiro livro que você escreveu? Ágatha: O primeiro livro foi um que a minha prima levou para a faculdade, o segundo foi O MUNDO. Blog Af: Como surgem os seus personagens? Ágatha: Eles surgem da minha imaginação. Blog Af: Você os imagina baseados em pessoas

Adeus

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CIDADÃO DO BEM

CIDADÃO DO BEM Tu que andas à minha frente na rua e balanças displicentemente os braços que nem eu faço, e olhas as vitrines, que reparas a moça que passa, tu que atendes o telefone na calçada e falas compassado, Qual o monstro tu andas a esconder, cidadão do bem? Tu que almoças na mesa ao lado e bebes Coca-Cola zero, tu que vestes a camisa do Cruzeiro, e comes calmamente um omelete com bacon                [enquanto digitas risonho algo no smartfone, Qual o monstro tu andas a esconder, cidadão do bem? Tu que paraste o carro para o pedestre atravessar, que manténs o veículo limpo e encerado, que não avançaste o farol amarelo, que não atendeste o celular enquanto diriges. Qual monstro tu andas a esconder, cidadão do bem? Tu que fizeste compras com a esposa, e compraste cerveja e vinho português, que esperaste o jantar nas mãos, que alimentaste o peixe no aquário, que alimentaste o canário na gaiola, que alimentaste o cãozinho acorrentado, que vais levar

CLIMA DE URGÊNCIA

“Fico parado diante do computador agindo digitalmente. A inação me convém. Sinto-me uma pessoa do meu tempo agindo assim com a ponta dos dedos. Sem sair do mesmo lugar, ajo sem agir”. Marcia Tiburi no livro, Como conversar com um fascista, da Editora Record, página 140.  A fluidez do mundo digital (fluidez para lembrar o conceito de mundo líquido do pensador Zygmunt Bauman) trouxe uma aberração nas relações comerciais que me deixa incomodado, o clima de urgência. Tudo é urgente como se um clique fosse o suficiente para resolver qualquer coisa. O obturador da câmera precisa ser trocado depois de certo número de cliques porque a obsolescência programada obriga. Então o fotógrafo do interior do estado, liga de manhã, e diz que está chegando para trocar o “shutter” e precisa ir embora antes do meio dia. Uma varinha mágica digital é ferramenta essencial na mesa do técnico. Na lanchonete ninguém quer esperar mais que alguns minutos para o lanche ser servido. O motor queimado no por

MÍSSIL TELEGUIADO

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MÍSSIL TELEGUIADO Dafne sai de casa decidida e mais linda do que o habitual. A saia curta desfiada deixa as suas tatuagens nuas. Folhas de louro descem das coxas roliças até a panturrilha. A blusa curta de seda alva deixa a flecha de chumbo exposta, atravessando as costas lisas. Os seios desprotegidos são mais ameaçadores do que as flechas de Cupido. No metrô, as pessoas se encantam. O jovem desliga o funk que atormentava a todos, coloca uma música melosa e fica olhando sonhador. Ela pensa: “Retardado!”. O tiozinho olha tímido, mas fixo. Ela: “Palhaço!”. A moça de cabelos azuis a encara lascivamente dos pés à cabeça. Ela: “Sai fora!”. Dafne desce na estação Central. Os seguranças a olham e fazem comentários entredentes. Ela torce os lábios, fazendo uma careta arrogante, e pensa alto: “Porcos machistas!”. Os mendigos da Aarão Reis assobiam e falam obscenidades. Ela segue calculadamente gélida, e enojada, diz: “Deveriam tomar banho!”. Entra no edifício. O porteiro faz “f

Prometeu

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PROMETEU  Não devo mais escrever poemas, Em vez disso farei bolinhos da minha carne e distribuirei nas ruas da minha cidade, no ônibus, nas construções, na missa e na fila do posto de saúde. Para não receber só sorrisos apimentarei alguns, exageradamente. Pode ser que alguém premiado com o ardor extremo agradeça, os olhos lacrimejantes e a face rubra. Pode ser que um contemplado com a carne pura, me seja ingrato e frio. Talvez a minha família aplauda desta vez, Talvez a minha esposa reclame a matéria prima desaparecida. Talvez eu até encontre patrocínio entre os amigos. Talvez um perito nos mitos reconheça alguma mitologia no ato. Talvez a minha carne não apodreça agarrada na gaveta do meu corpo. ........................................................................................................... (...Então, um abutre insaciável, — o cão alado de Júpiter — virá arrancar de teu corpo enormes pedaços e, — comensal não desejado — voltará todos os dias para se nutrir